Foi sem querer. Ou não…

Dias atrás, Helena pisou na mão do irmão. Claramente foi sem querer, uma distração. Ele começou a chorar, resmungar, não por ter doído, aparentemente, mas pelo susto.

Eliza, a tia de alma e coração que eles mais gostam, disse:

“Calma, Heitor, a Helena pisou sem querer. Já passou. Foi sem querer, né Helena?”.

“Não foi não”, responde a caçula.

 

FIM

Moedas, cofrinhos e economia…

E antes de ir à escola dias atrás, Heitor entra no carro da mamãe, bate a cabeça no teto e cai a luz interna do veículo. Não conseguimos colocar de volta. Tivemos de tirar. Brinquei que carro estava desmontando. Eis que ele solta:

“Mamãe, compra outro carro”.

“Mamãe não tem dinheiro, filho”, diz a mamãe.

E ele prontamente responde: “Pega as moedas do meu cofrinho. Eu dou pra você”

Antes que eu me derrete-se completamente, a caçula completa, com a voz rouca que só ela tem:

“eu também mamãe. Pode pegar minhas moedas”, cravou.

Quando a mamãe estava emocionalmente feliz, quase chorando, vem o arremate:

“Pode dar meu pai também, e compra outro carro”

🙂

FIM

Prefácio: “Setembro amarelo”

abracoPor Anderson Passos

Raiava setembro de 2016 quando a Marina Diana, jornalista de mão cheia com passagens pelo hardnews de inúmeras empresas, procurou-me com um estalo, que já nem estalo se poderia chamar. Tinha mais cara de suspeita ou de certeza. O que ela me trazia era:

– Por que não dividir as histórias dos meus Hs [a saber Heitor e Helena] com as pessoas?

Continuou ela:

– O pessoal no Face curte e já ouvi mais de uma vez para publicar.

Fez-se então um claro e brilhante consenso. Era sim legal contar as pequenas travessuras da dupla hoje com quatro (ele) e dois anos e 8 meses (ela). Por que? Porque Heitor e Helena são um poço infindável de histórias divertidas. Afinal, desde muito cedo, a velocidade de sagacidade deles é assustadora. Ele falante aos cotovelos, dramático às vezes. Ela assustadoramente objetiva e dona de sacadas geniais. Um bailarino que se equilibrasse num cabo entre arranha-céus certamente não enfrentaria o risco de cair depois de ouvir uma passagem deles sem rolar de rir. Porque o amor mútuo que eles demonstram entre si e para os seus é absolutamente comovente. Porque as pérolas do título desse blog sim, saltam deles aos borbotões. Eu mesmo fui testemunha muitas vezes oculares das histórias dos meus pequenos heróis, que adotei como sobrinhos amados.

A dúvida era se a transposição dessas histórias seria em livro ou via internet, como tem sido até aqui. Ensina a lógica do nosso jornalismo quase sem lógica que primeiro vem a web e depois o livro e outros quereres mais. E assim foi. E assim será.

O título refere um setembro e um amarelo. A menção ao mês é óbvia. O amarelo porque é luminoso, como o grito do cientista em sua eureka particular. O amarelo porque o projeto nasceu como um raio de sol num dia que se fazia predominantemente cinza. O amarelo porque a cor da vela que, religiosa, Marina Diana acendeu do nada…acho que era um sinal.

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