Helena e a cerveja
Sexta-feira pós escola. Helena entra no carro e a primeira coisa que fala é
“Mamãe, eu quero tomar cerveza”. Sim, assim, com som de Z.
A mamãe diz que é cerveJa, com J. E estranha, já que nunca falamos sobre a bebida, apesar de achar que ela deve ter visto ou ouvido em alguma festa.
“Mas por qual motivo você quer tomar isso, filha? É coisa de gente grande”, diz a mamãe
“O Elson toma mamãe”, responde (Elson tem 3 anos, como ela).
“Certamente não, filha”, rebate a mamãe
“O que é cerveja, mamãe?”, pergunta Heitor
“É o negócio que o Elson toma, totó. Ele diz que o papai dele toma”, argumenta Helena
“O papai do Elson toma, filha, ele não”, reforça a mamãe
“O que é cerveja, mamãe!?!?! é sorvete?”, insiste o primogênito.
“Não, Heitô, é de colocar na mamadeira”, retruca a irmã.
Em meio àquele bate-boca líquido, a mamãe já se sentia perdida, e esbraveja:
“Nenhum de vocês dois tomará cerveja. É uma bebida, filho, e é bem ruim”, diz
“Ahhh, mas então por que Elson toma?” , questiona Heitor.
“Ele não toma, filho. Só o papai dele”, argumenta pela enésima vez a mamãe.
“Mamãe, eu quero suco de ‘molango’. Compra cerveZa pro papai. Assim ele pode soltar pum”, busca encerrar o papo a caçula.
“Não, enena, se o papai tomar cerveja ele vai explodir de pum”, tenta explicar o irmão.
“Eca, totó. Que nojo. Você é cueca”, fala Helena iniciando mais um papo sem nexo.
“Cueca com pum”, completa Heitor…
e a conversa sem nexo toma forma. Mas sem cerveja. Felizmente
🙂